quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

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Dificilmente iremos muito longe
Não pudemos estudar
Formamos família muito cedo
E o que era para nos tornar forte
Consume o nosso tempo
E a nossa força
Uma areia movediça
De urgências e atributos irrevogáveis
Estamos onde estamos
Muito por nossa própria culpa e pecado
Mas também
Pelas circunstâncias da vida
Que se mostra cruel
Impiedosa
E muitas vezes
Preconceituosa
Compactuando com as injustiças
Que o homem elabora
E faz questão de praticar

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

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Todos os dias almoçam bem
Todos os dias mal almoçam
Todo fim de mês ganham bem
O salário que o outro mal tem
Trabalham em salas refrigeradas
E estes sob um imenso calor
Jamais se misturam
Eles nunca podem
Trabalham tranqüilos sendo bem tratados
Não dormem tranqüilos sendo explorados
Com suas cabeças feito alvos fáceis
Sob o julgo dos que detêm o poder
Fingem ser educados e civilizados
Enquanto os outros são marginalizados
Por natureza
Escravos do Capitalismo
Exibem suas jóias caras, carros e roupas
Sem se importar com a minoria
Escravos dos capitalistas
Mal têm o que comer
Mal têm o que vestir
E o transporte que usam para chegar ao trabalho
Ônibus lotados, trens apinhados de gente
Na hora mais cedo do dia
Já os remetem ao que se anuncia

“Assim caminha a humanidade
A passos de formigas e sem vontade!”

domingo, 11 de janeiro de 2009

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Sorridentes demais para serem tristes
No entanto
Sem haver ninguém
Que possa dizer-se feliz
Cantam a vida
A sua divina comédia humana
De desgraças e desventuras
Brindando carnavais
E festas afins
Embebedando-se de uma estranha alegria
Que o comodismo floreia
E a falta de perspectiva adorna
Permanecendo-se involutíveis
Se perpetuam na infinita submissão
Dos que pensam e acreditam
Não ter nada a perder
Deixando de ganhar
O que no mínimo seria seu por direito

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

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Comungam felizes
O momento do descanso
Dividem a bebida
E a comida
Conseguida honestamente
E com o suor de seus rostos
Podemos ver em seus semblantes
A satisfação de dever cumprido
E ao mesmo tempo
O horror de uma vida
tortuosa, dorida, sofrida.
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Nossas lamentações
Jamais serão levadas a sério
Enquanto
Não deixar de ser
Lamentações
É preciso que se trate
Com seriedade e destreza
Os assuntos que nos incomodam
Sabendo que a ELES
Pouco importa
E que sua intenção de nos ajudar
Não vai muito além
Que o ato de apenas
Nos ouvir
(se muito!)
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Comentam entre si
Sobre os melhores pés-sujos da praça
Como se fossem os maiores restaurantes da cidade
Defendem com veemência
O PF (prato –feito)
Cheio de fermento
Que inflam suas panças
Sem alimentá-los
Por um preço módico
Que não condiz com o volume que consomem
(e isso é tudo o que importa)
Sem se incomodar
Com a falta de higiene
Dos lugares onde comem
Enfartam-se do que for
E do que tiver ao seu alcance
E sem atentar também para a falta de qualidade
Do alimento que ingerem
Comprometem a saúde
E zombando de tudo
Ainda lambem os beiços
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E ao chegar o fim do mês
O salário tão esperado
Se dissolve
Tão logo é recebido
E no mesmo dia
Volta-se à labuta
Na busca incessante por mais um salário
Que não compensa
Nem a luta nem a espera
O trabalhador se desespera
Sem poder nada fazer
E conforma-se em dizer
E aceitar
Que ruim com ele
Pior sem ele!
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Fazem verdadeiras conferências
Quase todos os dias
Discutem, questionam, lamentam
Sobre as condições do trabalho injusto
A que são submetidos
E com a mesma postura
Diante do patrão
Continuam sua saga
Realizando todo tipo de trabalho
Que lhe é destinado
Como se nada os tivessem incomodando
Raramente
Reivindicam de forma direta
O que conversam entre si