quinta-feira, 14 de maio de 2009

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O triste não é
nem a realidade em si
Mas a falta de consciência
dos homens sobe ela
Quando não há mais a vontade de mudar
em prol de lucros fáceis
que se possa conseguir
Estamos diante da degeneração das coisas
Da massa, dos homens
Não há tristeza maior que o vazio
da esperança humana
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Pensa que vive
na falsidade generalizada
Onde só ele se salva
Quando ele
Igualmente como todos
É vítima como qualquer um
de pilhérias e comentários alheios
em que não se salva ninguém

sábado, 2 de maio de 2009

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A despeito
sobre a decepção
com as pessoas
aprendi
que a simpatia
de alguns
tem muito a ver
com a "dureza"
de muitos

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

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Não deixe que saibam
O quanto dependes do seu emprego
Não deixe que nem mesmo você saiba disso!
Quando nos reconhecemos medrosos
Receiosos com a perda
Nos tornamos presa fácil
De nossos algozes
Quando ficamos expostos demais
Por conta de nossa própria insegurança
Até de nós mesmo somos
Presas fáceis
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Já pelo tom da voz
Já pela postura do indivíduo
Peão ou chefe
Não há muito o que se esperar
Dessa espécie
Já se sabe
De bate-pronto
Das coisas do que são capazes
Pelo tom da voz
Pela postura do sujeito
Seja lá o que vier primeiro!
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Se morreres
No incondicional cumprimento do dever
Em nome de um progresso
Que não te inclui
Pensando que terás algum reconhecimento
Ou condecoração
De seus “superiores”
Saibas tu, pessoa boa
Que eles jamais se importaram contigo
Que são absolutamente capazes
Tranqüilos com a sua consciência
De lhe prestar nenhuma homenagem
Quiçá lembrar de ti
Passarão sem pestanejar
Por cima do teu cadáver
(afoitos apenas com quem porão no seu lugar)
Porque o trabalho não pode parar
Porque os lucros não podem cessar
Porque somos para eles
Tão somente um número qualquer
Nada mais
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Indiscriminadamente
Peidam, arrotam, tiram meleca sem nenhum pudor
Falam palavrões, se agridem
Indiscriminadamente
Não têm bons modos
Nem tão pouco boa educação
Acreditam que este valioso detalhe
Da vida do ser humano
É tão somente
Frescuras de gente rica
E assim são pobres duas vezes
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Os homens
Vão desfiando aos poucos
Exercendo
Por uma via inteira
Um ofício que lhe causa mais
Cansaço e angústia
Que boa remuneração
Assim vive anos a fio
Sem nenhum progresso real
Levando a vida simplesmente
No limiar de uma sobrevivência
Parca, omissa e confusa
Onde jamais se encontrarão
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A força de cada um
Provém da união de todos
E à medida que trabalhamos juntos
Para o bem comum
Mais nos tornamos fortes
Para aquilo que desejamos conquistar
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Não basta apenas conquistar
É preciso também saber conservar
Não conservar as coisas
Que são para o nosso
Próprio bem
É sinal profundo
De imaturidade
E ignorância
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A boa educação do homem
Servirá de exemplo
Para o outro homem
Nenhum homem é
O que é
Para o lado do mau
Porque quer
Todo mundo gostaria de servir de bom exemplo
Pelo menos para os seus
E se assim não somos
É tão somente
Porque somos imperfeitos
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A convivência acomoda o espírito
A conveniência
Pode desvirtuar a alma
Atentai sempre
Para o perigo constante
Que é estarmos a salvo demais
Ao ponto de pensarmos
Que não corremos mais risco algum
Religiosamente falando
Socialmente falando
Continuai firme e reto
Mesmo que infinitamente alegre e seguro
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A submissão
Nasce do silêncio
Dos subúrbios da alma
Que há em nós
Onde somos fracos
Do medo
Imposto pela assombração
Do que nos parece mais ofensivo
E da passividade diante do dragão
Que muitas vezes
Nem existe
Ou
Que feito um descuido inocente
Começa a nascer
Tão somente
Com toda a nossa permissão
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Mesmo o mais suspeito entre nós
Se comprovada a sua inocência
Nunca, jamais
Em tempo algum
Estivemos próximos da verdade
E a injustiça foi a mesma
Para com este
Se o verdadeiro culpado
Foi o outro

Toda acusação
Infundada
Contra um indivíduo
Mesmo que não inocente
Mas que não haja prova cabal
Que o condene
Constitui um crime tão sério
Contra este
Que o próprio delito em questão

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

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Dificilmente iremos muito longe
Não pudemos estudar
Formamos família muito cedo
E o que era para nos tornar forte
Consume o nosso tempo
E a nossa força
Uma areia movediça
De urgências e atributos irrevogáveis
Estamos onde estamos
Muito por nossa própria culpa e pecado
Mas também
Pelas circunstâncias da vida
Que se mostra cruel
Impiedosa
E muitas vezes
Preconceituosa
Compactuando com as injustiças
Que o homem elabora
E faz questão de praticar

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

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Todos os dias almoçam bem
Todos os dias mal almoçam
Todo fim de mês ganham bem
O salário que o outro mal tem
Trabalham em salas refrigeradas
E estes sob um imenso calor
Jamais se misturam
Eles nunca podem
Trabalham tranqüilos sendo bem tratados
Não dormem tranqüilos sendo explorados
Com suas cabeças feito alvos fáceis
Sob o julgo dos que detêm o poder
Fingem ser educados e civilizados
Enquanto os outros são marginalizados
Por natureza
Escravos do Capitalismo
Exibem suas jóias caras, carros e roupas
Sem se importar com a minoria
Escravos dos capitalistas
Mal têm o que comer
Mal têm o que vestir
E o transporte que usam para chegar ao trabalho
Ônibus lotados, trens apinhados de gente
Na hora mais cedo do dia
Já os remetem ao que se anuncia

“Assim caminha a humanidade
A passos de formigas e sem vontade!”

domingo, 11 de janeiro de 2009

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Sorridentes demais para serem tristes
No entanto
Sem haver ninguém
Que possa dizer-se feliz
Cantam a vida
A sua divina comédia humana
De desgraças e desventuras
Brindando carnavais
E festas afins
Embebedando-se de uma estranha alegria
Que o comodismo floreia
E a falta de perspectiva adorna
Permanecendo-se involutíveis
Se perpetuam na infinita submissão
Dos que pensam e acreditam
Não ter nada a perder
Deixando de ganhar
O que no mínimo seria seu por direito

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

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Comungam felizes
O momento do descanso
Dividem a bebida
E a comida
Conseguida honestamente
E com o suor de seus rostos
Podemos ver em seus semblantes
A satisfação de dever cumprido
E ao mesmo tempo
O horror de uma vida
tortuosa, dorida, sofrida.
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Nossas lamentações
Jamais serão levadas a sério
Enquanto
Não deixar de ser
Lamentações
É preciso que se trate
Com seriedade e destreza
Os assuntos que nos incomodam
Sabendo que a ELES
Pouco importa
E que sua intenção de nos ajudar
Não vai muito além
Que o ato de apenas
Nos ouvir
(se muito!)
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Comentam entre si
Sobre os melhores pés-sujos da praça
Como se fossem os maiores restaurantes da cidade
Defendem com veemência
O PF (prato –feito)
Cheio de fermento
Que inflam suas panças
Sem alimentá-los
Por um preço módico
Que não condiz com o volume que consomem
(e isso é tudo o que importa)
Sem se incomodar
Com a falta de higiene
Dos lugares onde comem
Enfartam-se do que for
E do que tiver ao seu alcance
E sem atentar também para a falta de qualidade
Do alimento que ingerem
Comprometem a saúde
E zombando de tudo
Ainda lambem os beiços
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E ao chegar o fim do mês
O salário tão esperado
Se dissolve
Tão logo é recebido
E no mesmo dia
Volta-se à labuta
Na busca incessante por mais um salário
Que não compensa
Nem a luta nem a espera
O trabalhador se desespera
Sem poder nada fazer
E conforma-se em dizer
E aceitar
Que ruim com ele
Pior sem ele!
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Fazem verdadeiras conferências
Quase todos os dias
Discutem, questionam, lamentam
Sobre as condições do trabalho injusto
A que são submetidos
E com a mesma postura
Diante do patrão
Continuam sua saga
Realizando todo tipo de trabalho
Que lhe é destinado
Como se nada os tivessem incomodando
Raramente
Reivindicam de forma direta
O que conversam entre si