sexta-feira, 31 de outubro de 2008

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Quando
A sociedade
Se irrita
Com as crianças
Pobres, semi-despidas
Pedindo trocados nos sinais
É sinal
Claro e evidente
De que o homem realmente
Não acredita mais
Em si!
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O trabalho
Que não ofício
Fadiga o homem porque o escraviza
O capitalismo é Senhor impiedoso
Nunca brinca em serviço
Exige de seus filhos
O sangue!
Não vê cara, não tem coração
Avança sobre seus súditos
Contra tudo
E tem nos seres humanos
Meras peças de reposição
Desgasta uma
(e desgasta mesmo)
Logo tem outra
Disposta a vender a sua alma
Pelo progresso pessoal
E se vendem a própria alma
O que não serão capazes de fazer
Com as demais!

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

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Difícil é
Convencer o homem
Do que ele é capaz
Do que ele pode ser
Mais do que é
Se
Ser mais do que é
É tudo
O que ele não sabe
Que pode
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Mas eis que com todo o ódio
Do mundo
O homem há de criar a guerra
E sem amor nenhum que o valha
Entender a si próprio

O homem não conhece a Deus
E tem a petulância
A arrogância
E a ilusão de pensar
Que se conhece



Quero dizer aqui, antes que os ateus de plantão se pronunciem, que o que quis dizer foi tão somente, que o homem jamais se conhecerá o suficiente para pensar que se conhece o bastante.

Nem Queiroz
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Todos mansos e satisfeitos
Com os seus sub-empregos
E seus sub-salários
Conformados com a mesmice
Preocupados com tolices
Orgulhosos de seus cargos
Muitos deles passam horas do dia inertes
Sem pensamentos
Sem nada produzir
Para si ou para a fábrica
Regozijam-se com o falso descanso
E vão pelas tardes dos dias adentro
Felizes como “pinto no lixo”
Defendendo o seu sustento

Cada povo tem o que merece
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Quando não nos interessamos pela vida
E nos atamos demais ao desperdício do tempo
Com conversas infrutíferas
Incessantes
Quando sentimos por desleixo
Tanta falta de companhias
E não sabemos mais ficar sozinho
Quando não conseguimos sequer respirar
E não somos capazes de sobreviver
Somos pegos pelo tédio
Porque nos tornamos vítimas dele
Tornamo-nos vítimas do tédio
Que vem agora forte
Porque estamos fracos
Sozinhos
Não mais sobreviveremos
Porque já somos dependentes dos outros
Ausentes desta vez
Como jamais deveríamos deixar acontecer
Não amadurecemos quando devíamos
Agora sofremos por isso

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

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Os calos nas mãos
Os músculos cansados
O corpo ainda aceso
E no semblante do homem
A seriedade e a dignidade da honestidade e do ofício
Um homem só se sente louvado com o seu trabalho
Sabe que este será o seu legado
Fará com afinco suas obrigações
Cumprirá com envergadura
A sua missão
Envelhecerá com a atitude de um nobre
Sem nunca sê-lo de fato
Mesmo sendo de honra
Transcenderá à ganância do mundo
Saberá muito sobre a vida dura
Obterá o respeito de todos
Estando bem próximo
De ser um homem de verdade
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...E mesmo se tivessem a oportunidade
Do tempo livre
De que tanto reclamam
Para evoluir
Ainda assim
Permaneceriam como são
Com a diferença da obesidade
Dariam a engordar feito porcos
Passariam a acordar tarde
Dormiriam mais tarde ainda
E entre os dois pólos
Entre um tempo e outro
Tempo algum para si próprio
O tempo passa depressa demais para quem não o respeita
Do mesmo jeito com a vida
Que nunca se ajeita
O homem não é um ser confiável
Nem a ele próprio
O homem é vítima de si mesmo

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Mas se irão discutir à vera
Por que não levar a sério
O palpite político deveras?!
Sua visão mesmo que deturpada da realidade
Deveria dar-lhes o caminho
No entanto
Destoa a sua própria realidade
Discutem seus pontos de vista
Mas isso não é fazer política
Isto é tão somente uma discussão
Quase uma briga
Para ver quem está com a razão apenas
Tanto assim o é
Que se dispersam
Em seguida mudando de assunto
Mas nunca de vida
Nada cresce ou evolui
Suas crenças e convicções não vão além
E não os levam a lugar nenhum
Costumam dizer que política, futebol e religião
Não se discute
E assim
aceitam as diferenças de uma forma equivocada
Aceitam como algo incontestável e intransferível
Muito pessoal de cada um
E não por respeito direto ao outro
Mas por puro egocentrismo
Suas próprias posições são insustentáveis
E suas leituras
Quase nenhuma

terça-feira, 28 de outubro de 2008

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Os homens estão todos ali
Sobrando no planeta
Vieram usufruir de tudo
Da natureza, do ar, dos sonhos
Da própria mulher
Enfim
Deveriam apenas e tão somente
Serem seres livres
E se amarem incondicionalmente
E no entanto
Não acreditam no amor
E assim
nem em si mesmos
De tal forma e conteúdo
Que estão longe de serem livres
Além ainda
Como se não bastasse
Destroem tudo que põem a mão
Ou está ao alcance
De convidados viraram intrusos
Inimigos
Animais
No pior sentido

O que terá feito Sartre indagar?
“Quem sabe se o mundo não seria melhor sem os homens!”
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O povo não percebe e finge que não se importa
Com os mecanismos políticos da história
Que o assola
Que o domina
Não leva a sério o voto
Que pode mudar suas vidas
Desta forma
Se vendem igualmente sem se importar
Ou mesmo saber
Que tal atitude
É tão desastrosa quanto a educação
Que deixa de dar aos seus filhos
Que por sua vez
Também não evoluem
E assim giram eternos o círculo vicioso
De um povo que não cresce nunca

Se o governo lhes garantir o feijão e o arroz
Por um preço razoável
Todo o resto torna-se perdoável






“Mediocridade ativa é uma merda!”
Oscar Niemeyer
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Mas qual o político
Em sua sã consciência
Poderia querer
Ou pelo menos pensar
Em continuar com suas promessas e seus planos
Para a cidade
Depois da inesperada derrota
Pois qual político merecedor entre nós
Poderia regozijar-se da eventual desventura
E seguir em frente com o futuro firme em pauta
Cair com tal elegância e desprendimento
Sobre o solo sem amanhã
E mesmo assim ainda
Pintar um arco-íris
De decência e tanta boa vontade
Da qual não estamos acostumados
Seguir de toda forma com o bem
Que nessas horas
Tem uma face e depois outra
E qual o povo poderia desperdiçar tal alquimia e eloqüência
de poder?
Se há muito que convivemos amortizados
Pela deselegância e pela podridão
Dos gestos mais inclassificáveis possíveis
Em nome de um poder inglório sem ideologia alguma
Apenas almejado como instrumento de auto-promoção
Dentro de uma política que não é mais política
Dentro de algo que já não é mais coisa alguma
Qual deles ainda, mesmo na derrota
Poderia nos honrar com uma magnânima desenvoltura
Que só a um príncipe caberia?!
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Creio que o homem
Salvo a ilusão de ser alguma coisa
Não é de fato coisa alguma!
Ainda em 1934
Lenine já inquietava descrito por Gorki
Que naquela época
Já não se podia acariciar o homem
Que não se podia acariciar ninguém
Que eram até capazes de lhos devorarem as mãos por isso
Repugno-me a dizer, mas digo
Que até nos dias de hoje
Para lá do ano 2000
O homem é mais vil que dantes
Que nunca!
Daqui do topo, do ano de 2008
Eu vos respondo amigos
Que nada mudou infelizmente
E digo mais
Que evoluímos bem
Na tecnologia, na democracia, na emancipação dos direito de todos
Inclusive das mulheres
Também na informática sem igual
Mas na política!
Que lida com os interesses dos homens
Parece que não!
É sempre as mesmas decepções, percalços e equívocos
De egoísmo, deslealdade e corrupção
Parece mesmo que os homens não sabem viver
Senão chafurdando na lama!

A religiosidade também
É queda vertiginosa
A fé dos homens e nos homens
Parece algo indigno, vencido e inalcansável
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O povo mentalmente subnutrido
Empenha-se honroso à sua sobrevivência cotidiana
Honesto e trabalhador
Não perde um só dia de trabalho
Antes, preza por ele
Sabe relativamente que
“ruim com ele, pior sem ele”
E então, esforça-se no cumprimento do dever
Numa normalidade impressionante
Do que a vida não é mais que isso
Trabalhar, trabalhar, trabalhar
E descansar
Para voltar ao trabalho depois
Com algumas poucas horas de lazer e pronto

Aos arredores dali
A vida tem outras aspirações
O teatro, artes plásticas, o cinema, as exposições, museus, praias, jardins e passeios ao ar livre
Definitivamente não fazem parte de seu cotidiano
Nem de seus finais de semanas
Preferem não sair de casa
Não descobrir mais nada além do que tem ou pensam que tem
E acham ser o bastante
E assim
Não se importam mais com a sua própria evolução
Tornam-se ocos sem saber
Porque a sua alegria de estar vivo é maior que todas as ausências
Vivem a esmo
Divertem-se, mesmo assim, mais que todo mundo!
Não se aprofundam nas questões que possam representar a cerne de seus sofrimentos mais profundos
Produzem filhos, constituem famílias, vivem relativamente bem
Com o pouco que têm
Subestimam-se a vida inteira
Não sabem a força que possuem
Desta forma transformam-se
Em massa de manobra de governos corruptos
Indiferentes e incompetentes
Fazendo festa contra a sua própria miséria
Não acreditam que são capazes
De transformar o mundo!
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Por que nos tornamos duros demais?
Por que será que com o tempo
Os tormentos são mais freqüentes
E nossas responsabilidades não nos deixa descansar?
Por que não podemos conservar
O descontraído e afável sorriso
Da criança que um dia fomos?
O por que de tantos por quês ainda
Sem conforto ou sem respostas?
Por que perdemos o paladar doce da vida?
Por que não gostamos mais tanto de doces
E o amor perdeu um tanto o quanto do seu aroma e encanto?
Será que é porque vamos nos aproximando da morte
Destino de todos nós?
Será que o espírito sente um pouco o baque
do envelhecimento do corpo?
Por que nos custa tanto conservar
O espírito altivo e predominantemente alegre
Como poucos?
Será que já viu demais as mazelas da vida e do físico do corpo?
E sente mais que nós e mais que imaginamos?
Será que o nosso egoísmo e o egoísmo do mundo
Asfixia a essência da alma?
Será que somos nós
Os fungos desse mundo
Sem calma...?
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As eleições estão bem próximas
Logo reaparecerão os políticos da hora
Para depois irem embora
Como se nunca tivessem existido
E vencido mais uma vez será o povo
Que não cuidou de novo
E mais uma vez
De querer saber
Quem é e quem foi quem
Nesses tempos futuros sem futuro algum
Como é duro ver o que nunca muda
Depois de tanta labuta
Por uma esperança falida, perdida, caída, substituída
Pela permanente ignorância
Política de todos

A política era para ser
A primeira grandeza de um país
No entanto
Ela só cuida de si e do seu próprio nariz
Sujo é fedorento
Empoeirados narizes
Infectados pelo pó da corrupção e do vício asqueroso
Dos que ao invés de representar
Quem os elegeram
Sumariamente sublimam o cívico compromisso
E só pensa na própria riqueza

Tinha razão o teórico quando disse
“Triste a nação que precisa de heróis!”

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E o capitalismo
semente de todo o mal
regerá suas vidas inteiras
em detrimento ao que de fato os eleva
e amadurece
Seus descuidados e pobres espíritos
é que fazem festa!
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A voz forte e ativa do patrão
Muita vez
Não separa dele próprio
O chefe do homem
E ao contrário do que se pensa
Ele já não consegue não deixar de ser uma besta
Para o empregado
Este por sua vez se sente acuado
Quando não ameaçado
Pelas intempéries de quem nele manda
Em troca de um salário raso
Na maioria das vezes
injusto
E que mal o sustenta
Um homem é submisso ao outro e nem pensa
Acha que vai embutido no pagamento
Ser humilhado, excluído
Pobre também do Patrão
Que ao contrário do que acha
É menor do que pensa
Não deveria existir uma relação de poder
Entre patrão é empregado
Apenas uma recompensa a quem fez
Pelo serviços prestados
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Entretanto
A ralé
Que tanto reclama da forma
Como o patrão a trata
Bastará uma pequena graça
Para que os súditos virem comparsas
E se traiam entre si
Para logo perderem a pouca harmonia que têm
Para em seguida descobrir
Que é frouxa no caráter
Lutarão então entre si
Num embate desastroso, covarde e injusto
Em nome da simpatia do seu algoz senhor
Que sabe, por sua vez
Dos mecanismos que a escória usa e utiliza
Para merecer sua atenção
E ser com sorte
Um suposto e improvável escolhido
Mesmo sabendo
Os coitados
Que quase impossivelmente poderão a vir a ter
A honra de melhor servi-lo
Não se contentarão e irão sempre mais fundo
Na difícil (sub) missão de conseguir
Algum destaque
Já estarão a essa altura, quase todos
Extenuados
Contaminados por eles mesmos
Embriagados, alienados, viciados e enfeitiçados
Pelo doce e podre perfume
Do poder!
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Pois se até na “bondade”
há de se ser rígido,
pois o capitalismo não deixa brecha para modismos
tipo amizades verdadeiras
gentilezas corriqueiras
amores por princípios
No capitalismo
a seriedade, mesmo que falsa
garantirá a retidão, mesmo que torta
da empresa que posa imperiosa
de justa e correta
mesmo que assim realmente seja
O capitalismo é temperado a fogo e ferro
Ele não perdoa nada ou a ninguém
que esteja por perto
que não atenda a seus interesses
mais supérfluos
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É bom ter dinheiro, digno no entanto!
Você está com fome, vai lá e come;
você está com sede, vai lá e bebe.
Paga com o teu trabalho, o que o outro, trabalhando,
te vende agora ao teu descanso.
É bom ter dignidade,
que dinheiro nenhum no mundo pague
e a honra que não se deve nunca perder.
E dinheiro, é bom que se saiba, não garante a integridade
nem a idoneidade de ninguém.
Ao contrário,
o dinheiro, assim como o poder,
corrompe o homem e destrói o nome.
Por isso, a bondade e o caráter de um homem
não se mede pelo o que ele tem ou possui.
A maior riqueza de um homem
não é o seu contra-cheque ou sua conta bancária,
mas o seu trabalho,
seja ele qual for!
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Bate à sua porta o tempo da esperança morta!

Estamos vivendo tempos tão degradantes, que já passamos tarde da consciência de saber e por em prática, a abnegação da ajuda ao outro. Não tem mais efeito a consciência da abnegação aos mais necessitados. Estamos todos, de uma forma ou de outra, mais ou menos, a mesma condição. Chegou a hora de ajudar, ajudar, ajudar, incondicionalmente, ajudar tão somente...ajudar. não temos mais tempo ou esperança de ajeitar mais nada. O tempo da política malograda é o pior tempo de se viver, o tempo da esperança morta, onde os políticos que deveriam à princípio, estar preocupado com o povo, claramente luta por seus próprios interesses de sobrevivência e bem estar. Temos agora um tempo de sobrevida, cada qual vivendo por si e para si, mofados de tanto enfado de dores e decepções para com o seu semelhante. A compaixão está trôpega e triste, pior, não mais existe. Não há mais perdão nem caridade. O homem não acredita mais na vida, o homem não acredita mais no próprio homem.
O pobre coitado que pede nos sinais, não é mais um pobre coitado que esmola nos sinais, é um vagabundo. A dignidade, tanto de quem pede quanto a de quem dá, está perdida. A criança abandonada nas ruas, sem pai ou mãe, é apenas um pobre coitado. A mãe que dorme imunda na calçada não passa de uma desgraçada preguiçosa. No entanto, todos sabem, que as oportunidades não chegam para todos e que as injustiças é o prato do dia, de todos os dias. Tudo está pela hora da morte e por um fio, tanto o homem, quanto a vida e o próprio amor, o que se configura uma indecência humana.