sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

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A coisa mais bonita
e digna
Em um homem
É o respeito
Que ele dispensa
A outro
Homem

A coisa mais feia
E indigna
No homem
É não respeitar
O outro
Homem
-----*-----
O Estado
Não é o maior inimigo
Do povo
Que lhe furta o direito
À escola, saúde e educação
O maior inimigo do povo
É ele mesmo!
Quando abdica
De seus direitos legítimos
Pela prática da omissão

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

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Somos todos
Tratados como simples
Instrumentos funcionais
Massa de manobra
Quase um objeto
Esquecem-se
Ou não consideram
Que somos seres
Dotados de alguma inteligência
E raciocínio
Que temos uma vida
E que respiramos
Como eles
Menosprezam e subestimam
A nossa capacidade
Não acreditam em nós!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

-----*-----
40 anos de idade e sendo tratado como um office-boy, fazendo serviço como tal, com um salário irrisório para sustentar a família, num sub-emprego que não vai me levar a lugar algum. Abismei-me!

Vejo muito de nós sob pele de cordeiro, fazendo corpo mole, achando que está ganhando a vida. Pois eu digo que não estamos! Que ao contrário, a perdemos a cada instante, enclausurados neste ambiente pobre, fajuto, fingindo que progredimos, tapando o sol com a peneira, aceitando passivos o contar das horas, o desdobrar dos dias, pifiamente garantidos num sub-emprego ao qual estamos atrelados nos acovardando tranqüilos, presos à desculpas de que pelo menos temos um trabalho.

É tão claro e muito óbvio que precisamos evoluir! Mas de onde estamos e como estamos, a única demanda que conseguiremos é envelhecer.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

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Quando a classe entender
Que a sua moral
A sua integridade
A sua hombridade
Sua índole e caráter
Não estão aquém de quem lhe bate
E assim perder o medo
Das injustiças sofridas
Talvez consiga
Obter o respeito
Daquele que lhe oprime
Sem nenhuma necessidade

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

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Apenas
Um pouquinho
De cultura
Para passarmos
A comer melhor
A vestir melhor
A perceber
E a entender melhor
Amar melhor
Viver e conviver
Melhor
Mesmo que ainda
Com o mesmo
Salário de sempre
-----*-----

O mais das vezes
Eles se traem
Por covardia
Pelo temor
De serem incomodados
Ou de serem
Passados para trás
E assim
Se precipitam
Criando mal estar
Entre os companheiros
Quando este ou aquele
Na sua disfarçada
Instabilidade
Se contrapõe
Aos interesses
De sua própria classe
-----*-----

“Pode-se ser
Humano
Numa competição tão feroz?!”
Cabe ao ser humano
Ser
Humano
E nada mais?!
Onde se poderá mais
Encontrar a bondade
Se o coração
É só maldade
A violência nos assalta
Por todos os lados
Brutalmente
O homem
Cada vez mais
Se anula como tal
Perde sua essência
Atropela-se contra si
E contra todos
Mata de toda forma
Pensando antes ser morto
O homem
Não reconhece mais
No outro
O semelhante

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

-----*-----

Já acordam
Em desvantagem
Sem um café da manhã
Decente
Sai para o trabalho
Já enfrentando todo tipo de adversidade
(quando não atrasado!)
Vai o guerreiro
O batalhador
O coitado
Já tão cedo
Receber baforadas
De dióxido de carbono
Na cara
Aquela fumaça preta, poluição carnuda
Dos automóveis que passam
Enquanto caminha até o ponto do ônibus
Quando em dia de chuva
Faz chafariz da água e lama
Encharcando o homem de indiferença
E imundície
Buracos na calçada
Obstáculos no caminho
Na condução lotada
O sujeito quase caindo
Avança ao seu destino
Todos os dias
A guerra se reinicia
E ele não desiste
Mantém-se firme
Na conquista inexata
Do que lhe resta
Seguir em frente
Sem direito a festa

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

-----*-----
Não levará muito tempo
Para estarmos
Rindo das mesmas coisas
Cheios de palavras vazias
Dentro de tardes
Igualmente vazias
Que tanto criticávamos
Quando aqui chegamos
E que agora
Fazemos parte
Em pouco tempo
Salvo raríssimos casos
Seremos
Miseravelmente
Iguais
-----*-----
Enquanto houver
Entre a classe oprimida
Discórdia, fofoca
Desmandos, desorganização
E a pilhéria for a base
De suas camaradagens
Nada poderá haver de progresso
A favor de si
Se em si
Habita a mais profunda
Ignorância
Acerca
De seus próprios problemas
-----*-----
A fúria do patrão
Atropela até a dignidade
De seus comandados
Que por submissão
Ouvem calados, indignados
A injusta apelação
E quem há entre eles
De ter a ousadia
De não permitir
Tamanha covardia?!
“mais vale engolir o sapo que ir para o saco!”
Mas a questão se aprofunda
e se agrava
À medida que o homem
Não entende que não precisa
Passar por isso
Que o destempero do encarregado
Não tem o direito
De menosprezá-lo, subestimá-lo e inferiorizá-lo
Muito menos a homens de bem
Pais de família
Trabalhadores honestos
Cumpridores de seu dever

“Muitos não entendem ser possível
Conseguir muito mais
Da capacidade produtiva do homem
Exaltando suas qualidades
Que denegrindo sua imagem
Ferindo sua integridade”

sábado, 15 de novembro de 2008

----*----
Não é fácil
A batalha do dia-a-dia
Dura é a sua disciplina
A sua luta
A sua empreitada
Sob o sol quente
Dentro de um uniforme pesado
As horas que se arrastam
Seu sacrifício é constante
Mas a sua gana é imensa
Mesmo sendo quase um escravo
A sua liberdade compensa
O homem já se sente realizado
Com a honra e o suor do seu trabalho
Mas injustiçado
Tem hora que não agüenta

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

-----*-----
Uma nação que preza
Muito mais
Pelo descanso
Que pelo trabalho
Das duas, uma
Ou ela é uma sociedade equivocada
Falida
Em seus conceitos
Ou está sendo massacrada
Em sua vida
Em seus direitos
E explorada
Na sua condição
Humana

-----*-----
Ininterruptas
São as conversas ocas
E sem razão de ser
Dos camaradas
Que aguardam no pátio
Da fábrica
Pela próxima convocação
Enquanto o serviço não vem
Aproveitam para descansar
E enquanto descansam
Brincam entre si
Sem cessar
Com as piadas mais sem graça que há
Não se reorganizam
Não deliberam
Não se importam
Não falam de nada que é sério
Estão apenas à postos
E expostos
Ao comando superior
Apenas cumprem seus horários
Certos da missão
Cumprida
-----*-----
As crianças
Já entendem
O significado da vida dura
Dos pais
Seus semblantes
Já tão cedo
Não são mais os mesmos
E dependendo da condição social
E financeira de cada um
Já são muitas as que vemos nas ruas
Trabalhando
Vendendo balinhas
Ou mesmo pedindo nos sinais
E não são poucas
As que se perdem
Na prostituição infantil
Ainda pelo descaso
Dos pais
E da própria família
-----*-----
Na venda
Ou no boteco
Conta os míseros
Trocados
O trabalhador
Honesto
Cansado
Por um copo de café
Um cigarro
Ou um trago
Para se manter
Empregado
Pois já passa do horário
Refazendo um trabalho
Que não é seu
Mas ele é um guerreiro
Que não foge da batalha
E cumprirá
A nova carga horária
Orgulhoso do suor seu
-----*-----
E vai o pobre infeliz
Cumprir feliz
A ordem que lhe foi dada
Cumpri-la de todo jeito
A qualquer hora
De bom grado
Então volta
O pobre coitado
Insatisfeito com o salário
Recebido ao final de cada mês
Para segunda-feira de madrugada
Já por o pé na estrada
De volta
Ao trabalho
Ser usado mais uma vez
-----*-----
Seu patrão
Fará de ti
O seu vassalo inominável
Serás de fato
“Quase de direito”
Um mero instrumento
Que ele usará
Para atingir seus menores objetivos
O salário que ele paga
Justifica suas ordens
Por mais injustas que estas sejam
-----*-----
Há uma grande parte da população
Que tem o seu emprego
E os seus direitos garantidos
Do contrário
Teríamos uma sociedade indiscutivelmente falida
O que seria o caos
No entanto
É esta mesma maioria
Que encobre a urgência da última classe
Se bem que
Todos os trabalhadores
São vítimas naturais
Das corporações capitalistas
Que só visam o lucro
Astronômicos lucros que atropelam tudo
Sem se importar com o real progresso do indivíduo
Em detrimento
Da própria sociedade
Da qual faz parte
-----*-----

O homem não escreve
Sobre si
Tão menos
É dado ao prazer da leitura
A música que ouve
É a que chega aos seus ouvidos
Não a que ele busca
Procura, quer saber
E ouve com atenção
A sétima Arte
Não deve passar de alguma sétima colocação
No ranking de alguma competição
Que ele sequer imagina
E os seus hábitos
Estão totalmente voltados
Para o conforto físico
E instantâneo – urgente
A inteligência
Que naturalmente venha a ter
É de natureza nata
Desenvolve-se por si só e apenas
Para as coisas práticas da vida
Como ser evolutivo
Que deveria ser
Vai na contra-mão de si mesmo
Se desintegrando
Contra as dificuldades do mundo
Até morrer
Sem ter evoluído
O quanto podia
-----*-----
É que o homem
Se vê tão excluído
Esquecido, rechaçado
Que a sociedade
Para ele
Passa a ser um verdadeiro
Covil
Onde só os que têm algum poder
(monetário ou de status)
Pode fazer parte
Então
Ou ele parte para o embate
Ou desiste dela
Sem saber que ambas as opções
Pode significar
O fim de si mesmo
Todo homem deveria prezar
Por sua própria integridade
Buscar o auto-conhecimento
Ser um ser totalmente independente
No sistema auto sustentável
Dentro do ecossistema de regras sujas
E falcatruas imundas
Que é o mundo
O sub-mundo de hoje
-----*------
O pobre empregado
Vive em função
Do seu tosco salário
Ele se condiciona
A chegar ao fim do mês
Apenas para receber
Sua irrisória recompensa
No findo dos 30 dias
Para por em dia seus compromissos
De água, luz, supermercado
Sem contar com a escola
Dos filhos
Uma vida de sobrevivência árdua
Sem tempo para o lazer
E muito pouco tempo para a família
Uma honestidade cara
E uma hombridade rara
Para os dias de hoje
-----*-----
Eu não sei
Mas a falta de cultura
De leitura, filmes e livros
Ou ao menos
De bons costumes
Dos jornais
Que não só tragam
Notícias sobre esporte
Crimes bárbaros
Notícias sensacionalistas
Parece deixar os homens
Sem assuntos
Ou melhor
Sem profundidade
Pois assuntos
É o que não lhes faltam

-----*------

O homem é um individualista nato
Acorda pensando em si
Vive pensando em si
E até mesmo no amor
Dificilmente deixa de pensar em si
Usualmente calcula
Riscos e lucros
Do que quer que faça
Muito raramente
Faz algo sem interesse pelo seu semelhante
Pensa estar perdendo
O seu precioso tempo

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

-----*-----
Passa todo garboso
O homem para o trabalho
Assalariado mas empregado
Flerta com a vaidade
Que não deveria ter
Senta-se num botequim
Pede o almoço
Toma uma cerveja
Paga com pose de patrão
A comida tosca
Menospreza quem lhe serve
Faz questão de manter uma distância
Que não condiz
Com o que verdadeiramente é
Mas ele é o que pensa
Mas ele só pensa
Não é
Ele não é nada
Menos que os outros
Este homem é dono
Da maior solidão
Que não sabe que tem
-----*-----
Se
Chega o tempo
Que o homem trabalha
E não consegue cobrir
Suas despesas mensais
Se mantendo no emprego
Mesmo assim
Só para não ser mais um
Desempregado
E ainda se sente um privilegiado
É porque as leis e os direitos trabalhistas
Estão falidos
O homem está impedido
De seus direitos e benefícios
E de seu futuro igualmente
Vive uma quase escravidão
E quase nada se pode fazer contra ela
-----*-----
Se a juventude conversa sobre crimes
Armas, tráfico, violência
E se sentem bem com isso
Discutem sobre
Articulações criminosas
Tramas policiais
E se sente à vontade
E se orgulha disso
Se pouco se interessa
Se pouco sabe
Ou pouco conversa
A despeito doutros assuntos
Se ganha status no seu meio
Por conta de tudo isso
Como se salvar da condição sub-humana
Que se encontra
De tédio, alienação
E infertilidade mental?!
Condição esta
Que a assola e a domina
Envolve e seduz
Como trilhar outro caminho
Como gostar do que é bom
(Para se aproximar do bem)
Se o mal é o mentor de todo o seu universo
E os maus exemplos fazem-se presentes
Todo o tempo?!

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

-----*-----

“vamos a la playa!”
É apenas uma frase na letra da canção
Vamos ao trabalho!!!
Eis o nosso legado
A nossa crua realidade
Eis o nosso refrão
(...)
Não nos sobra tempo para o verão
Assim como para a família
Ou para nós mesmos
Vivemos absortos com o trabalho
Vivemos para ele
Dependemos dele
E somos então assim
Consumidos por ele
Achamos estranhos prazeres contínuos
Não nos permitimos nunca mais
A liberdade ingênua momentânea
De instantes eternos
Os calos do corpo atingiram a alma
Não sabemos mais viver!

-----*-----

A massa acorda cedo
Sem medo do batente
Levando à frente
No suor e na raça
O presente
Que não passa

-----*-----

Todos os dias
Quase sempre
Os mesmos iguais momentos
A vida toda
À fora e adentro
Muitos poucos doces momentos
Quase nenhum alento
Muitos lamentos
Mesmo sorrindo sempre
Mesmo felizes com o emprego
Mesmo grato pelo bom bocado
O pouco que se tem
Mesmo com o que não têm
O povo vai vivendo
Um dia de cada vez
Tudo de uma vez
Sem ter vez
Nem voz
Todos juntos
E todos sós

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

-----*-----
Não entenderão a profundidade das relações
E dos empreendimentos
O empregado é tão somente
Massa de manobra
Têm seus direitos garantidos por lei
Mas, muita vez, é destratado pelo patrão
Que vê no empregado um ser inferior
Mesmo o encarregado
Que é bem próximo dele
Não saberá lhe dar valor
Ou tratar com devido respeito
Se valerá da vigente hierarquia
Para justificar seus atos e desmandos
Sob o seu julgo, o mínimo deslize
Sobre o seu julgo
Todos os deslizes
“Dê poder ao homem e verás quem ele é!”
-----*-----
Cada qual com o seu cada um
Todos têm o seu devido valor
O serviço braçal
O serviço administrativo
A inteligência
E a força bruta
Todos têm suas qualificações
Suas especificações
Sua utilidade
Todos merecem o mesmo respeito
Porque todos são importantes
Para que a engrenagem funcione bem
Porque todos serão responsáveis
Pelo resultado final
Do trabalho
Que é comum a todos

-----*-----

Não vão perceber que
As músicas que ouvem
As conversas que mantêm
As amizades que conservam
E até a comida que ingerem
Pode representar
O peso no pé da alma
E do espírito
Que não alça vôo jamais

A alienação
É o pior dos inimigos
Do homem

terça-feira, 4 de novembro de 2008

-----*-----
As pessoas serão duras
Ocas
Sem compaixão
Eis que chega
A era do olho por olho
Do dente por dente
Do qualquer lucro
A todo custo
O homem não reconhece mais
O seu irmão
-----*-----
Por conta do analfabetismo
E da falta de oportunidade
(exclusão social)
A olhos nus
A informalidade se alastra
O povo se vira como pode
Não espera mais
Nem pelo governo
Nem pelas próximas eleições
Trabalham por conta própria
Sem os benefícios
Garantidos por lei
Da carteira assinada
Não pagam impostos
Não acreditam mais no Estado
E por ele é reprimido
A relação do Estado
Para com o povão
É sempre paliativa.
-----*-----
Eis que vem o tempo
Que nem a política
Nem a religião
Ou mesmo o próprio homem
Terão alguma relevância na vida

A sobrevivência de cada um
Será a única coisa que importará!
-----*-----
A vida não será fácil
Para ninguém
Viverão em busca de riquezas vazias e furtivas
Sorte de todo modo
Jogos de azar
Coisas que com o trabalho
Será impossível de alcançar
Por mais que ganhem
Os impostos consumem a maior parte
O governo sempre age dessa forma
Sem chance alguma de progredir
Pobres permanecerão pobres
Ricos se tornarão mais ricos
Através de parcos salários
E programas sociais falidos
O povo vai se distraindo
Entre um carnaval e outro
Uma partida de futebol e um chopp
E com uma escola cambaleante
Dá continuidade
A silenciosa marcha dos sem – futuro.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

-----*-----
Eis então
Que se forma a grande nebulosa
O companheirismo já não será o mesmo
A expectativa da tempestade que se anuncia
Já transforma o semblante de todos
Cães voltam a rosnar no portão da fábrica
A ferida está exposta
Sobreviverá aquele que for mais esperto e ágil
Feito ratos
Subirão uns nas costas dos outros
Para que a respiração seja sua primeira
Afogados servirão de apoio para dar pé
Os mais fortes proverão!
-----*-----

Mas o mal é que irão todos pensar em si
.
-----*-----
E as coisas não se darão de imediato
Feito a matemática que é exata
Tudo se afrouxará paulatinamente
Sem que se perceba
Tudo se encaixará ao todo
Nada se venderá por inteiro
Mas a entrega será incondicional
E se o espírito não for forte
Não tardará para que ele se esfole
E caia por fim
Nas teias do terrível mecanismo
O homem é produto do meio
E meio trôpego não hesitará no seu novo caminho
Lutará com empenho, afinco, unhas e dentes
Para sustentar a sua posição
O seu cargo e a sua família
E não obstante
Sucumbirá ao delito do medo da perda
Se tornando exposto
Às intempéries da adversidade
Às garras da situação
-----*-----
Mas a alegria mútua
Sincera e fugaz
Dos camaradas
Naquele dado instante
É infinitamente superior
A dor que constante os acompanham
Por conta de injustiças sofridas
Já de forma tão anestesiada
À jornada do dia a dia
Aquela alegria entre eles
É a mais legítima prova do amor e da amizade
Que há entre os homens
Um momento de descontração
Imperceptível por todos
De tão genuína
Que é
-----*-----
Ainda somos capazes
De abdicar
Todo o nosso tempo
Nossas horas
Nossos dias
A favor dos interesses do patrão
Em detrimento a nossa própria saúde
O patrão não quer saber
Em instância alguma
De nós
Dos nossos problemas
Nem da nossa família
Mas nós temos que lhe ser
Fiel, leal, útil, servil e disponível
Sem dizer do salário
Que na maioria das vezes
É mínimo e injusto
Muito raramente valerá à pena
A incondicional dedicação
Não ao trabalho, mas ao patrão
É preciso saber discernir
A responsabilidade do exagero

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

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Quando
A sociedade
Se irrita
Com as crianças
Pobres, semi-despidas
Pedindo trocados nos sinais
É sinal
Claro e evidente
De que o homem realmente
Não acredita mais
Em si!
-----*-----
O trabalho
Que não ofício
Fadiga o homem porque o escraviza
O capitalismo é Senhor impiedoso
Nunca brinca em serviço
Exige de seus filhos
O sangue!
Não vê cara, não tem coração
Avança sobre seus súditos
Contra tudo
E tem nos seres humanos
Meras peças de reposição
Desgasta uma
(e desgasta mesmo)
Logo tem outra
Disposta a vender a sua alma
Pelo progresso pessoal
E se vendem a própria alma
O que não serão capazes de fazer
Com as demais!

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

-----*-----
Difícil é
Convencer o homem
Do que ele é capaz
Do que ele pode ser
Mais do que é
Se
Ser mais do que é
É tudo
O que ele não sabe
Que pode
-----*-----
Mas eis que com todo o ódio
Do mundo
O homem há de criar a guerra
E sem amor nenhum que o valha
Entender a si próprio

O homem não conhece a Deus
E tem a petulância
A arrogância
E a ilusão de pensar
Que se conhece



Quero dizer aqui, antes que os ateus de plantão se pronunciem, que o que quis dizer foi tão somente, que o homem jamais se conhecerá o suficiente para pensar que se conhece o bastante.

Nem Queiroz
-----*-----
Todos mansos e satisfeitos
Com os seus sub-empregos
E seus sub-salários
Conformados com a mesmice
Preocupados com tolices
Orgulhosos de seus cargos
Muitos deles passam horas do dia inertes
Sem pensamentos
Sem nada produzir
Para si ou para a fábrica
Regozijam-se com o falso descanso
E vão pelas tardes dos dias adentro
Felizes como “pinto no lixo”
Defendendo o seu sustento

Cada povo tem o que merece
-----*-----
Quando não nos interessamos pela vida
E nos atamos demais ao desperdício do tempo
Com conversas infrutíferas
Incessantes
Quando sentimos por desleixo
Tanta falta de companhias
E não sabemos mais ficar sozinho
Quando não conseguimos sequer respirar
E não somos capazes de sobreviver
Somos pegos pelo tédio
Porque nos tornamos vítimas dele
Tornamo-nos vítimas do tédio
Que vem agora forte
Porque estamos fracos
Sozinhos
Não mais sobreviveremos
Porque já somos dependentes dos outros
Ausentes desta vez
Como jamais deveríamos deixar acontecer
Não amadurecemos quando devíamos
Agora sofremos por isso

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

-----*-----
Os calos nas mãos
Os músculos cansados
O corpo ainda aceso
E no semblante do homem
A seriedade e a dignidade da honestidade e do ofício
Um homem só se sente louvado com o seu trabalho
Sabe que este será o seu legado
Fará com afinco suas obrigações
Cumprirá com envergadura
A sua missão
Envelhecerá com a atitude de um nobre
Sem nunca sê-lo de fato
Mesmo sendo de honra
Transcenderá à ganância do mundo
Saberá muito sobre a vida dura
Obterá o respeito de todos
Estando bem próximo
De ser um homem de verdade
-----*-----
...E mesmo se tivessem a oportunidade
Do tempo livre
De que tanto reclamam
Para evoluir
Ainda assim
Permaneceriam como são
Com a diferença da obesidade
Dariam a engordar feito porcos
Passariam a acordar tarde
Dormiriam mais tarde ainda
E entre os dois pólos
Entre um tempo e outro
Tempo algum para si próprio
O tempo passa depressa demais para quem não o respeita
Do mesmo jeito com a vida
Que nunca se ajeita
O homem não é um ser confiável
Nem a ele próprio
O homem é vítima de si mesmo

-----*-----

Mas se irão discutir à vera
Por que não levar a sério
O palpite político deveras?!
Sua visão mesmo que deturpada da realidade
Deveria dar-lhes o caminho
No entanto
Destoa a sua própria realidade
Discutem seus pontos de vista
Mas isso não é fazer política
Isto é tão somente uma discussão
Quase uma briga
Para ver quem está com a razão apenas
Tanto assim o é
Que se dispersam
Em seguida mudando de assunto
Mas nunca de vida
Nada cresce ou evolui
Suas crenças e convicções não vão além
E não os levam a lugar nenhum
Costumam dizer que política, futebol e religião
Não se discute
E assim
aceitam as diferenças de uma forma equivocada
Aceitam como algo incontestável e intransferível
Muito pessoal de cada um
E não por respeito direto ao outro
Mas por puro egocentrismo
Suas próprias posições são insustentáveis
E suas leituras
Quase nenhuma

terça-feira, 28 de outubro de 2008

-----*-----
Os homens estão todos ali
Sobrando no planeta
Vieram usufruir de tudo
Da natureza, do ar, dos sonhos
Da própria mulher
Enfim
Deveriam apenas e tão somente
Serem seres livres
E se amarem incondicionalmente
E no entanto
Não acreditam no amor
E assim
nem em si mesmos
De tal forma e conteúdo
Que estão longe de serem livres
Além ainda
Como se não bastasse
Destroem tudo que põem a mão
Ou está ao alcance
De convidados viraram intrusos
Inimigos
Animais
No pior sentido

O que terá feito Sartre indagar?
“Quem sabe se o mundo não seria melhor sem os homens!”
-----*-----
O povo não percebe e finge que não se importa
Com os mecanismos políticos da história
Que o assola
Que o domina
Não leva a sério o voto
Que pode mudar suas vidas
Desta forma
Se vendem igualmente sem se importar
Ou mesmo saber
Que tal atitude
É tão desastrosa quanto a educação
Que deixa de dar aos seus filhos
Que por sua vez
Também não evoluem
E assim giram eternos o círculo vicioso
De um povo que não cresce nunca

Se o governo lhes garantir o feijão e o arroz
Por um preço razoável
Todo o resto torna-se perdoável






“Mediocridade ativa é uma merda!”
Oscar Niemeyer
-----*-----
Mas qual o político
Em sua sã consciência
Poderia querer
Ou pelo menos pensar
Em continuar com suas promessas e seus planos
Para a cidade
Depois da inesperada derrota
Pois qual político merecedor entre nós
Poderia regozijar-se da eventual desventura
E seguir em frente com o futuro firme em pauta
Cair com tal elegância e desprendimento
Sobre o solo sem amanhã
E mesmo assim ainda
Pintar um arco-íris
De decência e tanta boa vontade
Da qual não estamos acostumados
Seguir de toda forma com o bem
Que nessas horas
Tem uma face e depois outra
E qual o povo poderia desperdiçar tal alquimia e eloqüência
de poder?
Se há muito que convivemos amortizados
Pela deselegância e pela podridão
Dos gestos mais inclassificáveis possíveis
Em nome de um poder inglório sem ideologia alguma
Apenas almejado como instrumento de auto-promoção
Dentro de uma política que não é mais política
Dentro de algo que já não é mais coisa alguma
Qual deles ainda, mesmo na derrota
Poderia nos honrar com uma magnânima desenvoltura
Que só a um príncipe caberia?!
-----*-----
Creio que o homem
Salvo a ilusão de ser alguma coisa
Não é de fato coisa alguma!
Ainda em 1934
Lenine já inquietava descrito por Gorki
Que naquela época
Já não se podia acariciar o homem
Que não se podia acariciar ninguém
Que eram até capazes de lhos devorarem as mãos por isso
Repugno-me a dizer, mas digo
Que até nos dias de hoje
Para lá do ano 2000
O homem é mais vil que dantes
Que nunca!
Daqui do topo, do ano de 2008
Eu vos respondo amigos
Que nada mudou infelizmente
E digo mais
Que evoluímos bem
Na tecnologia, na democracia, na emancipação dos direito de todos
Inclusive das mulheres
Também na informática sem igual
Mas na política!
Que lida com os interesses dos homens
Parece que não!
É sempre as mesmas decepções, percalços e equívocos
De egoísmo, deslealdade e corrupção
Parece mesmo que os homens não sabem viver
Senão chafurdando na lama!

A religiosidade também
É queda vertiginosa
A fé dos homens e nos homens
Parece algo indigno, vencido e inalcansável
-----*-----
O povo mentalmente subnutrido
Empenha-se honroso à sua sobrevivência cotidiana
Honesto e trabalhador
Não perde um só dia de trabalho
Antes, preza por ele
Sabe relativamente que
“ruim com ele, pior sem ele”
E então, esforça-se no cumprimento do dever
Numa normalidade impressionante
Do que a vida não é mais que isso
Trabalhar, trabalhar, trabalhar
E descansar
Para voltar ao trabalho depois
Com algumas poucas horas de lazer e pronto

Aos arredores dali
A vida tem outras aspirações
O teatro, artes plásticas, o cinema, as exposições, museus, praias, jardins e passeios ao ar livre
Definitivamente não fazem parte de seu cotidiano
Nem de seus finais de semanas
Preferem não sair de casa
Não descobrir mais nada além do que tem ou pensam que tem
E acham ser o bastante
E assim
Não se importam mais com a sua própria evolução
Tornam-se ocos sem saber
Porque a sua alegria de estar vivo é maior que todas as ausências
Vivem a esmo
Divertem-se, mesmo assim, mais que todo mundo!
Não se aprofundam nas questões que possam representar a cerne de seus sofrimentos mais profundos
Produzem filhos, constituem famílias, vivem relativamente bem
Com o pouco que têm
Subestimam-se a vida inteira
Não sabem a força que possuem
Desta forma transformam-se
Em massa de manobra de governos corruptos
Indiferentes e incompetentes
Fazendo festa contra a sua própria miséria
Não acreditam que são capazes
De transformar o mundo!
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Por que nos tornamos duros demais?
Por que será que com o tempo
Os tormentos são mais freqüentes
E nossas responsabilidades não nos deixa descansar?
Por que não podemos conservar
O descontraído e afável sorriso
Da criança que um dia fomos?
O por que de tantos por quês ainda
Sem conforto ou sem respostas?
Por que perdemos o paladar doce da vida?
Por que não gostamos mais tanto de doces
E o amor perdeu um tanto o quanto do seu aroma e encanto?
Será que é porque vamos nos aproximando da morte
Destino de todos nós?
Será que o espírito sente um pouco o baque
do envelhecimento do corpo?
Por que nos custa tanto conservar
O espírito altivo e predominantemente alegre
Como poucos?
Será que já viu demais as mazelas da vida e do físico do corpo?
E sente mais que nós e mais que imaginamos?
Será que o nosso egoísmo e o egoísmo do mundo
Asfixia a essência da alma?
Será que somos nós
Os fungos desse mundo
Sem calma...?
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As eleições estão bem próximas
Logo reaparecerão os políticos da hora
Para depois irem embora
Como se nunca tivessem existido
E vencido mais uma vez será o povo
Que não cuidou de novo
E mais uma vez
De querer saber
Quem é e quem foi quem
Nesses tempos futuros sem futuro algum
Como é duro ver o que nunca muda
Depois de tanta labuta
Por uma esperança falida, perdida, caída, substituída
Pela permanente ignorância
Política de todos

A política era para ser
A primeira grandeza de um país
No entanto
Ela só cuida de si e do seu próprio nariz
Sujo é fedorento
Empoeirados narizes
Infectados pelo pó da corrupção e do vício asqueroso
Dos que ao invés de representar
Quem os elegeram
Sumariamente sublimam o cívico compromisso
E só pensa na própria riqueza

Tinha razão o teórico quando disse
“Triste a nação que precisa de heróis!”

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E o capitalismo
semente de todo o mal
regerá suas vidas inteiras
em detrimento ao que de fato os eleva
e amadurece
Seus descuidados e pobres espíritos
é que fazem festa!
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A voz forte e ativa do patrão
Muita vez
Não separa dele próprio
O chefe do homem
E ao contrário do que se pensa
Ele já não consegue não deixar de ser uma besta
Para o empregado
Este por sua vez se sente acuado
Quando não ameaçado
Pelas intempéries de quem nele manda
Em troca de um salário raso
Na maioria das vezes
injusto
E que mal o sustenta
Um homem é submisso ao outro e nem pensa
Acha que vai embutido no pagamento
Ser humilhado, excluído
Pobre também do Patrão
Que ao contrário do que acha
É menor do que pensa
Não deveria existir uma relação de poder
Entre patrão é empregado
Apenas uma recompensa a quem fez
Pelo serviços prestados
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Entretanto
A ralé
Que tanto reclama da forma
Como o patrão a trata
Bastará uma pequena graça
Para que os súditos virem comparsas
E se traiam entre si
Para logo perderem a pouca harmonia que têm
Para em seguida descobrir
Que é frouxa no caráter
Lutarão então entre si
Num embate desastroso, covarde e injusto
Em nome da simpatia do seu algoz senhor
Que sabe, por sua vez
Dos mecanismos que a escória usa e utiliza
Para merecer sua atenção
E ser com sorte
Um suposto e improvável escolhido
Mesmo sabendo
Os coitados
Que quase impossivelmente poderão a vir a ter
A honra de melhor servi-lo
Não se contentarão e irão sempre mais fundo
Na difícil (sub) missão de conseguir
Algum destaque
Já estarão a essa altura, quase todos
Extenuados
Contaminados por eles mesmos
Embriagados, alienados, viciados e enfeitiçados
Pelo doce e podre perfume
Do poder!
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Pois se até na “bondade”
há de se ser rígido,
pois o capitalismo não deixa brecha para modismos
tipo amizades verdadeiras
gentilezas corriqueiras
amores por princípios
No capitalismo
a seriedade, mesmo que falsa
garantirá a retidão, mesmo que torta
da empresa que posa imperiosa
de justa e correta
mesmo que assim realmente seja
O capitalismo é temperado a fogo e ferro
Ele não perdoa nada ou a ninguém
que esteja por perto
que não atenda a seus interesses
mais supérfluos
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É bom ter dinheiro, digno no entanto!
Você está com fome, vai lá e come;
você está com sede, vai lá e bebe.
Paga com o teu trabalho, o que o outro, trabalhando,
te vende agora ao teu descanso.
É bom ter dignidade,
que dinheiro nenhum no mundo pague
e a honra que não se deve nunca perder.
E dinheiro, é bom que se saiba, não garante a integridade
nem a idoneidade de ninguém.
Ao contrário,
o dinheiro, assim como o poder,
corrompe o homem e destrói o nome.
Por isso, a bondade e o caráter de um homem
não se mede pelo o que ele tem ou possui.
A maior riqueza de um homem
não é o seu contra-cheque ou sua conta bancária,
mas o seu trabalho,
seja ele qual for!
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Bate à sua porta o tempo da esperança morta!

Estamos vivendo tempos tão degradantes, que já passamos tarde da consciência de saber e por em prática, a abnegação da ajuda ao outro. Não tem mais efeito a consciência da abnegação aos mais necessitados. Estamos todos, de uma forma ou de outra, mais ou menos, a mesma condição. Chegou a hora de ajudar, ajudar, ajudar, incondicionalmente, ajudar tão somente...ajudar. não temos mais tempo ou esperança de ajeitar mais nada. O tempo da política malograda é o pior tempo de se viver, o tempo da esperança morta, onde os políticos que deveriam à princípio, estar preocupado com o povo, claramente luta por seus próprios interesses de sobrevivência e bem estar. Temos agora um tempo de sobrevida, cada qual vivendo por si e para si, mofados de tanto enfado de dores e decepções para com o seu semelhante. A compaixão está trôpega e triste, pior, não mais existe. Não há mais perdão nem caridade. O homem não acredita mais na vida, o homem não acredita mais no próprio homem.
O pobre coitado que pede nos sinais, não é mais um pobre coitado que esmola nos sinais, é um vagabundo. A dignidade, tanto de quem pede quanto a de quem dá, está perdida. A criança abandonada nas ruas, sem pai ou mãe, é apenas um pobre coitado. A mãe que dorme imunda na calçada não passa de uma desgraçada preguiçosa. No entanto, todos sabem, que as oportunidades não chegam para todos e que as injustiças é o prato do dia, de todos os dias. Tudo está pela hora da morte e por um fio, tanto o homem, quanto a vida e o próprio amor, o que se configura uma indecência humana.