quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

-----*-----
Não deixe que saibam
O quanto dependes do seu emprego
Não deixe que nem mesmo você saiba disso!
Quando nos reconhecemos medrosos
Receiosos com a perda
Nos tornamos presa fácil
De nossos algozes
Quando ficamos expostos demais
Por conta de nossa própria insegurança
Até de nós mesmo somos
Presas fáceis
-----*-----

Já pelo tom da voz
Já pela postura do indivíduo
Peão ou chefe
Não há muito o que se esperar
Dessa espécie
Já se sabe
De bate-pronto
Das coisas do que são capazes
Pelo tom da voz
Pela postura do sujeito
Seja lá o que vier primeiro!
-----*-----
Se morreres
No incondicional cumprimento do dever
Em nome de um progresso
Que não te inclui
Pensando que terás algum reconhecimento
Ou condecoração
De seus “superiores”
Saibas tu, pessoa boa
Que eles jamais se importaram contigo
Que são absolutamente capazes
Tranqüilos com a sua consciência
De lhe prestar nenhuma homenagem
Quiçá lembrar de ti
Passarão sem pestanejar
Por cima do teu cadáver
(afoitos apenas com quem porão no seu lugar)
Porque o trabalho não pode parar
Porque os lucros não podem cessar
Porque somos para eles
Tão somente um número qualquer
Nada mais
-----*-----
Indiscriminadamente
Peidam, arrotam, tiram meleca sem nenhum pudor
Falam palavrões, se agridem
Indiscriminadamente
Não têm bons modos
Nem tão pouco boa educação
Acreditam que este valioso detalhe
Da vida do ser humano
É tão somente
Frescuras de gente rica
E assim são pobres duas vezes
-----*------
Os homens
Vão desfiando aos poucos
Exercendo
Por uma via inteira
Um ofício que lhe causa mais
Cansaço e angústia
Que boa remuneração
Assim vive anos a fio
Sem nenhum progresso real
Levando a vida simplesmente
No limiar de uma sobrevivência
Parca, omissa e confusa
Onde jamais se encontrarão
-----*-----
A força de cada um
Provém da união de todos
E à medida que trabalhamos juntos
Para o bem comum
Mais nos tornamos fortes
Para aquilo que desejamos conquistar
-----*-----
Não basta apenas conquistar
É preciso também saber conservar
Não conservar as coisas
Que são para o nosso
Próprio bem
É sinal profundo
De imaturidade
E ignorância
-----*-----
A boa educação do homem
Servirá de exemplo
Para o outro homem
Nenhum homem é
O que é
Para o lado do mau
Porque quer
Todo mundo gostaria de servir de bom exemplo
Pelo menos para os seus
E se assim não somos
É tão somente
Porque somos imperfeitos
-----*-----
A convivência acomoda o espírito
A conveniência
Pode desvirtuar a alma
Atentai sempre
Para o perigo constante
Que é estarmos a salvo demais
Ao ponto de pensarmos
Que não corremos mais risco algum
Religiosamente falando
Socialmente falando
Continuai firme e reto
Mesmo que infinitamente alegre e seguro
-----*-----
A submissão
Nasce do silêncio
Dos subúrbios da alma
Que há em nós
Onde somos fracos
Do medo
Imposto pela assombração
Do que nos parece mais ofensivo
E da passividade diante do dragão
Que muitas vezes
Nem existe
Ou
Que feito um descuido inocente
Começa a nascer
Tão somente
Com toda a nossa permissão
-----*-----
Mesmo o mais suspeito entre nós
Se comprovada a sua inocência
Nunca, jamais
Em tempo algum
Estivemos próximos da verdade
E a injustiça foi a mesma
Para com este
Se o verdadeiro culpado
Foi o outro

Toda acusação
Infundada
Contra um indivíduo
Mesmo que não inocente
Mas que não haja prova cabal
Que o condene
Constitui um crime tão sério
Contra este
Que o próprio delito em questão